CLUBE DO CORCEL FORTALEZA

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Grande Brasileiro



Corcel GT


O Corcel mais esportivo abriu caminho para um gênero que estimulava mais a fantasia que o pé direito do motorista





Um ano depois do lançamento do compacto Corcel, em 1969, a Ford percebeu a oportunidade de ampliar a família e se aproximar do público que sonhava com mais esportividade. Sonhar é um termo bastante adequado, pois a versão GT muito mais sugeria que propriamente entregava, em termos de desempenho. Carburador Solex de corpo duplo, válvulas maiores, novos coletores de admissão e escape elevavam a potência do quatro-cilindros e 1,3 litro de 68 para 80 cv. Não é nada, não é nada, eram 12 cavalinhos de reforço para aumentar o ânimo da tropa.


(A capota de vinil lhe conferia um ar mais luxuoso)



O GT diferia dos demais cupês da linha Corcel por ter faixa negra na grade, capô, laterais e traseira, faróis de milha e bancos reclináveis. Vinha com teto de vinil e painel completo. O volante era o do Willys Itamaraty, mas com um aro da buzina imitando madeira e distintivo GT. A cor do estofamento variava com a cor do carro – preto, marrom-claro ou vermelho. Rádio de cinco faixas, ventilador, cintos de segurança e pneus com faixa branca eram opcionais



(Volante do Itamaraty com as letras GT)



Com os 940 kg, o GT pesava até mais que a versão sedã. A suspensão, especialmente em trânsito urbano, mereceu adjetivos como “esplêndida” e “perfeita” de Expedito Marazzi no primeiro teste de QUATRO RODAS com o GT, em agosto de 1969. “Arranca rápido quando abre o sinal, breca fácil, tem direção macia (e fi rme nas altas velocidades), permitindo manobrar sem dificuldade para estacionar e enfrentar o trânsito.” Freios e nível de ruído também agradaram. Para Marazzi, ou a Ford devia chamar o carro de cupê de luxo personalizado ou devia dar-lhe um motor mais forte. Os números, 138,53 km/h de máxima e 0 a 100 km/h em 18 segundos alcançados no teste, mostravam que ele não estava de má vontade.



(Painel completo)



Nas fotos, vemos o Corcel GT do médico Sérgio Minervini. A maior satisfação do dono é o carro ter sido fabricado no primeiro dia de produção. “No começo eram feitos 30 por dia, o meu é o de número 29.” A pintura é original. O ex-proprietário, o primeiro do GT, colocava óleo ou graxa em partes do motor, caixas de roda, nos cantos do porta-malas, entre outras. Com cerca de 60 000 km, o GT só precisou de revisão de motor e freios, cromagem do para-choque traseiro e pintura das rodas. O ex-dono ainda doou várias peças de reposição



(Motor com mais 12 cv mostravam que ele não era um Corcel qualquer)



Para 1971, o capô do GT ganhou ressalto central com tomada de ar e era todo preto. Os faróis de milha vinham integrados à grade. As faixas laterais ficaram mais curtas e ganharam um ornamento cromado nos para-lamas traseiros, sugerindo uma saída de ar. As lanternas retangulares duplas lembravam as do Mustang. Motor mais potente, só em 1972. Com 1,4 litro e 85 cv, já fazia ultrapassagens em quarta. Em 1973, frente e traseira foram redesenhadas, assim como as faixas negras no capô liso e nas laterais. Os faróis eram mais fundos, as lanternas retangulares e o volante com raios em forma de cálice



(O adesivo no painel imitava madeira)



Comparado ao VW Passat TS e ao Chevrolet Chevette GP em agosto de 1976, o Ford ficou em segundo ao acelerar de 0 a 100 km/h em 18,62 segundos e em último na velocidade máxima, 137,9 km/h. O Passat venceu o desafi o com folga. Para 1978, o novo Corcel II GT não trouxe mudanças mecânicas radicais. Ele abriria caminho para o Escort XR3 nos anos 80. Se o Corcel GT só foi esportivo na aparência, ao menos ele foi o mais rápido ao inaugurar o segmento das versões esportivas de compactos nacionais.



(Faixa branca discreta para não quebrar o clima esportivo)




Motor: dianteiro, longitudinal, 4 cilindros em linha, carburador de corpo duplo, válvulas no cabeçote, a gasolina

Cilindrada: 1 289 cm³Diâmetro x curso: 73 x 77 mm

Taxa de compressão: 8,0:1

Potência: 80 cvTorque: 11,46 mkgf

Câmbio: manual de 4 marchas, tração dianteira

Carroceria: cupê de 2 portas

Dimensões: comprimento, 441 cm; largura, 164 cm; altura, 142 cm; entre-eixos, 244 cmPeso: 940 kg

Suspensão dianteira: independente, molas helicoidais

Suspensão traseira: eixo rígido, molas helicoidais

Freios: disco na dianteira e tambor na traseira



(O porta-malas vinha revestido)


TESTE

QUATRO RODAS AGOSTO DE 1969

Aceleração de 0 a 100 km/h 18,0 segundos

Velocidade máxima 138,53 km/h

Frenagem 80 km/h a 0 26,25 metros

Consumo De 6,5 a 7,8 km/l


Fonte: REVISTA QUATRO RODAS
Edição de Junho/ 2010
Reportagem de: Fabiano Pereira

terça-feira, 6 de julho de 2010